quarta-feira, 5 de maio de 2010

Se são rosas, florescerão.



Um menino
Uma menina
Nem sequer um beijo
Andam pela rua

'Acontecimento marcante em sua vida
Ela me chama.
Não explica, só diz estar
Naquela fase da tristeza-feliz
Ela me olhava como se a gente
Se conhecesse há 110 anos
Conheço ela há uma semana
Intimidade para lágrimas

Ficamos até sem falar
Por uns momentos
É bonito, disse ela
Assim a gente descarrega
O quê? A tensão. O tesão.
Atenção! E se um carro nos
Pega agora? Nos leva embora?
Somos jovens. Talvez possamos nos apaixonar
Seria bonito ela disse
E noto que não há mais o silêncio

Há a minha mão suada, dentro
Da mão suada de uma guria quase
Quase desconhecida. Quase, mas
Não desconhecida. Ela me olhava como
se a gente tivesse passado toda
A vida colocando a alma no lenço
Juntos

Eu tinha a sensação de que
Qualquer regra,
Até a de não andar de quatro,
Era inútil, estúpida e insuportável
Então ela passou o braço em volta
Do meu pescoço (gesto que durou
uma fração de fração de segundos)

Sinto algo estranho, queima, gela
A neve deve ter a mesma sensação
Quando o sol começa a esquentar:
a camada de gelo começa a derreter
Por dentro, um rio de lágrimas (felizes)
E depois a vontade de se dissolver
Completamente (com ela)

E bastou a cabeça dela encostar no meu
Ombro, para suas lágrimas (felizes?)
Se transformarem em soluços, e o
Degelo se tornar um terremoto

Não falamos quase nada novamente.
E temos tanto para falar. Uma vida toda
Por trás, e outra pela frente, logo ali.
Vê?
Vê a nossa intimidade inesperada?
Uma série de coisas subentendidas.
De sorrisos (sorrimos) e de olhares
Afetuosos;

Cada frase nossa era ansiedade
Cada frase nossa estava entre aspas
E continha um suspiro e uma graça particular,
Como as frases trocadas na cada,
Depois do amor.'

Um menino e uma menina
Andam na rua, e se beijam



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